Treinos ─ Cecilia Myeong

Eu já havia me recuperado totalmente desde o último treino. Desta vez havia decidido que iria utilizar a adaga que ganhara de minha Senhora no treinamento: estava começando a detectar uma mania por armas cortantes. Trajava um short jeans simples, uma versão em baby look da blusa do Acampamento, all star negro, luvas destas que deixam os dedos de fora e uma munhequeira com espinhos. Por cima da blusa, havia um casaco todo negro com bolsos e capuz. Possivelmente, eu deveria estar nas forjas agora, mas haviam coisas que eu precisava resolver antes de cuidar das forjas. A adaga estava embainhada e presa em uma corrente fina que eu utilizava como cinto. O visual era completo por uma gargantilha prateada no pescoço. Era uma das poucas vezes que eu estava sem minhas blusas de rock e com algo mais justo e que mostrasse um pouco meu corpo, até então sempre oculto com roupas mais largas.
Uma vez na Arena, eu decidi procurar a área de Combate a Monstros e comecei a procurar algo que se encaixasse mais ou menos em meu nível de experiencia. Poderia combater um automato, mas seria quase desleal uma vez que como servos de meu pai eu possuía algum conhecimento sobre elas e talvez eles sentissem a essência dele em mim e hesitassem.
No fim das contas, decidi enfrentar uma Dracaenae. Abri a jaula que ela estava presa e joguei uma espada comum para ela, tomando certa distancia. Uma pessoa normalmente não faria isso, porém eu segui-a certos códigos de honra que me obrigavam a faze-lo. Voltei-me para a criatura e indiquei com a mão que ela poderia realizar o primeiro movimento. Esquisito? Talvez. Desejava avaliar os movimentos dela em combate e como manuseava a espada para experiencias futuras tanto com a arma quanto contra aquele monstro, uma vez que espadas eram muito comuns a semideuses - mas não aquele monstro - e nunca se sabia quando seria preciso saber utilizar ou lutar contra um. Ela deslizou em minha direção, empunhando a lança preparada para um golpe. Ativei o Manto e desembainhei a adaga, flexionando os joelhos e me preparando para o combate. Adrenalina elevada, coração acelerado, músculos tensos, olhar atento e a tatuagem emitindo um brilho fraco. Não conseguiria interceptar correta e totalmente a espada com uma adaga, isso era obvio. Esta pelo menos não permitia também ataque a alguma distancia e isto seria bom para mim, uma vez que estaria ao alcance de minha adaga para poder me atacar. Novamente, percebi que iria ser uma boa situação para praticar o combate inteligente. Agora como Mentalista, não podia mais me dar ao luxo de ter apenas combates "bárbaros" por assim dizer. Precisaria utilizar minha mente para achar soluções e brechas naquele embate. A criatura era meio lenta devido a movimentação arrastando, mas sabia que isto não significava nada em termos de força ou poderio. Torcendo para o manto funcionar e bem, respirei fundo e esperei o momento certo.
Definitivamente, eu não era um exemplo de graciosidade, velocidade ou coordenação. Meus movimentos lembravam muito de uma criança desastrada, mas pelo menos a irregularidade deles estavam me ajudando a evitar parte dos golpes. O manto estava defendendo relativamente bem os golpes, mas não o suficiente para evitar que eu me machucasse. A blusa do Camp já estava rasgada em algumas partes, meus braços estavam feridos e estava com um ou dois cortes na face. O monstro não estava muito melhor: eu havia cortado ela algumas vezes no tronco ou na cauda e haviam algumas queimaduras que havia feito com Inflamar. Eu me ergui pela quinta ou sexta vez naquela tarde e apoiei as mãos nos joelhos, cansada. O suor colava o cabelo e a poeira em minha face e pescoço. Reuni parte das forças que me restaram e estendi uma mão para frente, me ajeitando e concentrando-me. Foi preciso muita concentração para conseguir gerar duas esferas flamejantes e dispara-las contra o monstro avançando. Tomei o cuidado de deixa-las em linha reta por um tempo e depois colocadas cada uma de um lado, utilizando-as inicialmente para ocultar o meu avanço em direção ao monstro. Ele teria que escolher entre o fogo e o calor e receber apenas as bolas ou em enfrentar todos os golpes. A dracaenae deveria ser bem confiante para escolher a segunda opção, mas eu não hesitei. Sabia que se eu estava tão mal, ela deveria estar mais ou menos assim também. Conseguindo cortar e espalhar as chamas de uma das bolas, fui atingida pelas chamas sem sofrer danos: papai, eu te amo. Utilizei o fogo para me curar e restaurar energia e cravei a adaga na criatura, arrastando um pouco para o lado antes de puxar. O monstro explodiu em pó com a explosão da segunda bola. Limpei a testa com as costas da mão e embainhei a adaga. Era melhor dar uma passada na Enfermaria antes de ir para o chalé... A menos que planejasse acender uma fogueira e entrar, é claro.

Passivos:

Ativos:

Itens:

Monstro: