Local Publico: Floresta

Troca de caricias e palavras que a outras pessoas talvez não soassem tão carinhosas quanto soavam ali naquele momento. Eu devo admitir que também não era adepta daquelas declarações cheias de romantismos e frases clichê: preferia não fazer muitos rodeios e se era pra dizer algo, que fosse espontâneo e não limitado por frases já tão utilizadas. Ao observa-lo, ficou tão obvio a mim que eramos imensuravelmente parecidos. Até em nossas diferenças eramos parecidos. E ele não se cansaria ou desistiria fácil de mim.
─ Então... Que possamos ficar juntos enquanto for possível. Permanecerei, sempre, ao seu lado. Até quando você não quiser. ─ Dei um sorriso em resposta ao dele. Os toques dos lábios muitas vezes eram brutos, mas eu realmente não me incomodava. Não era uma dessas garotas mimadas que ficam cheias de conversinha só porque o parceiro não era exatamente um desses príncipes sem graça de contos de fada. Correspondi ao beijo dele com a mesma intensidade que ele. A única coisa que me importava naquele momento era aproveitar aquele tão desejado beijo.
─ Posso, Log, eu posso. ─ Sussurrei, me arrepiando com a mordida. Segurei a face dele com as duas mãos quando ele retomou ao beijo. Naquele momento, parecia que nós dois podíamos nos tornar uma única pessoa. Duas almas em um mesmo corpo, com os mesmos desejos e anseios... Uma ligação forte demais até mesmo para a morte conseguir romper.

Thanks, Solaria

Depois da paz trazia pelo beijo, um assunto dito como polemico pelos campistas veio a tona. Permaneci em silencio algum tempo nos braços dele antes de responder. Eu sabia o quão difícil para nós seria para qualquer um de nós sair do Acampamento, mas definitivamente não pretendia morar ali para sempre. Um dia teria que sair e enfrentar os meus, os nossos, monstros. Em todos os sentidos que a palavra "monstros" possa trazer a uma pessoa quando é proferida. Talvez fosse mais complicado para um semideus enfrentar os seus problemas, afinal sair era arriscar a própria vida e das pessoas que ele amava a cada segundo, mas era preciso. Suspirei e respondi.
─ Pensei em encontrar meu pai de criação e meu irmão... Assumir os negócios da família, talvez. Tentar ter uma vida menos conturbada. Sei que os monstros e nem os deuses não deixarão ser uma vida normal. E Thanatos também me utiliza como uma peça extra para os assuntos dele, mas... ─ Opa, falei demais. Me silenciei e olhei para ele por alguns segundos. Ninguém sabia de minha ligação com o deus da morte. Senti a tatuagem aquecer de forma agradável, mas depois se acalmou. Seria uma forma de sinalizar que era seguro falar? Um jeito de dizer que tudo estava bem? De todo jeito, eu havia lutado para esconder aquilo durante toda minha estadia ali, mas agora eu falava isso para alguém...

Thanks, Solaria

Eu havia falado demais, agora precisava aguentar as consequências. Dei um sorriso meio desanimado e mostrei a ele meu pulso esquerdo, virando de um modo que ele pudesse ler as inscrições: O Punho das Sombras ataca com a proteção da morte. Não impeça o Equilibro.
─ Antigo problema de família, imagino. Não creio que tenha ligação com os Ceifadores, exatamente. Apenas... Cuido das coisas quando não há nenhum disponível. ─ Eu não tinha muita certeza do motivo daquilo, mas imaginava que devia ter alguma relação com a família de minha falecida mãe e, agora, a responsabilidade recairá sobre mim. De todo modo, pelo menos não me trazia nenhum problema, além de uma mania assassina quando em combate. ─ A tatuagem tende a queimar ou brilhar quando ele precisa de mim ou quando ele quer sinalizar alguma coisa, mas é difícil saber o que exatamente... Mas, sei lá. Não me avisa de inimigos próximos, nem nada. Eu preciso saber do oponente e ele estar próximo ou em meu campo de visão antes dela se manifestar, por exemplo.

Thanks, Solaria

Momento de revelações de segredos e problemas? Aparentemente, sim. Ouvi as palavras dele com atenção e percorri a marca com os dedos, evitando pressiona-lo. Não sabia como aquilo poderia feri-lo, então era melhor não arriscar. Tentei raciocinar qual divindade poderia estar relacionada a aquilo, com o cenho franzido. Não podia fazer muito para ajuda-lo, porém eu faria o que eu pudesse. Depois de alguns segundos, ergui os olhos para observa-lo.
─ A balança significa o equilíbrio... Então, pode ter alguma relação com a Nêmesis, certo? ─ Perguntei, mordendo meu lábio inferior. Precisava achar alguma solução, alguma forma de ajuda-lo. Coloquei a mão aberta no meio do tórax dele, observando-o com um misto de preocupação e carinho.

Thanks, Solaria

A confiança que nós tínhamos um no outro talvez fosse a coisa mais importante e forte que tínhamos no momento. Eu tinha um conhecimento um pouco maior do que o dele, mas não deixaria isso transparecer assim tão fácil. Dei um sorriso e retribui ao beijo dele, carinhosamente. Então Logan me pediu uma coisa complicada demais para mim: não me preocupar. Segurei o impulso de rir, talvez não fosse capaz nem mesmo de não me preocupar. Dei de ombros e dei um meio sorriso.
─ Vou tentar, querido. Se voltar a doer, me avise, sim? Deve haver alguma explicação para isso... Um jeito de amenizar... ─ Comecei, mas então percebi que, se existia uma forma, eu não conhecia. Não podia dar falsas esperanças a ele, não queria... Por sorte, não deixei isso transparecer.

Thanks, Solaria

Ele parecia admirado com alguém demonstrando afeto tão abertamente. Ahm, ok. Ali apenas nós dois sabíamos, mas mesmo assim. Eu retribui ao abraço dele, apertado. Era tão reconfortante... Alguém que eu sentia poder confiar, apesar de tudo. Dei um sorriso com o elogio dele e ouvi as próximas palavras com atenção.
─ Você também é... ─ O risinho de felicidade não foi contido desta vez. Quando ele falou a respeito do chamado, eu olhei para ele de soslaio, ainda abraçada com ele. ─ Irei avisar, mas esteja preparado para ser acordado de madrugada. ─ Não era uma ameaça, eu simplesmente podia ser chamada a qualquer hora...

Thanks, Solaria

Primeiro o rubor, depois veio a parte logica me acalmar. Eu sei, em primeiro momento eu havia levado a declaração para a maldade e possivelmente não fora isso que ele quisera dizer. Respirei fundo para me acalma e dei uma risada constrangida com meus próprios pensamentos. Ainda bem que ele não podia ler mentes, porque eu estaria realmente em problemas se ele pudesse. Roubei um selinho dele, piscando para o rapaz.
─ É uma proposta tentadora. ─ Realmente era. Não me incomodaria em me livrar da brutalidade não não tensional de meus irmãos por algum tempo. Não, espere... Eu só tinha um irmão. E digamos que nós não eramos do tipo muito comunicativos um com o outro. Eu não conseguia nem me lembrar com precisão o nome dele... Era algo com A, mas o que? Arnald? Aroud? Não fazia diferença por enquanto. Um dia eu iria aprender o nome dele, eu espero. ─ Você tem certeza que não é um sonho ou um deus?

Thanks, Solaria

Agora eu compreendia o que diziam sobre quando achar a pessoa certa, você simplesmente se sentir fortemente ligada a ela. Dei um sorriso e repousei a cabeça no ombro dele. Eu quase podia sentir os batimentos cardíacos dele, de tão juntos que estávamos. Eu comecei a pensar se de fato poderíamos ir ao chalé do outro assim... Era certo que para o de Hermes era possível, mas e os demais? Simplesmente eu não sabia. Mordi o lábio inferior pensando.
─ Podemos tentar. ─ Disse por fim. Pelo menos eu estaria entrando com a permissão de alguém de lá, não? Então o chalé não iria me amaldiçoar ou algo assim, como acontecia se entrassem sem convite. Contra isso pelo menos eu estava protegia. Foi só então que notei que eu não sabia quem era o progenitor dele... ─ Nós não dissemos quem eram nossos progenitores... ─ Comentei, pensativa. Ao ouvir o comentário a respeito de ser uma divindade ou sonho, dei uma risada. ─ Divindade do desastre ou timidez, imagino. Só se for... Mas não, sou bem real e não sou uma deusa...

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Eu já estava preparada para algo do tipo. Ares não podia ser, era "controlado" demais para ser filho daquela coisa. Phobos e Deimos talvez não, mas ainda eram opções. Éris me pareceu quase coerente com a crise que tinha tido a algum tempo atrás. Ele parecia não gostar da mãe dele, pela pressa com que falou. Espero que ele não começasse a rir quando eu contasse meu progenitor.
─ Sou filha de Hefesto... ─ Era difícil uma pessoa relacionar uma garota a Hefesto, mas era um fato. Eu era a grande ironia do chalé: filha de Hefesto, meio coreana e ainda rica. Talvez os deuses gostassem dessas piadas. ─ Posso ser sua deusa particular, se quiser.

Thanks, Solaria

Dei um sorriso para ele. Era incrível a reação das pessoas ao ouvirem aquilo. Retribui o selinho roubado e dei um beijo curto dele, em resposta. Não era preciso muito para me deixar feliz, não mesmo. Ao que parecia, ele de fato gostava de meu pai, o que era bom.
─ A maioria dos filhos dele herdam isso... ─ Era quase impossível você achar um que não seguisse essa regra, na realidade. Todos eram muito leais e habilidosos nas forjas, introspectivos, mas quando com amigos muito mais soltos e até brincalhões. Olhei nos olhos dele ao ouvir a resposta dele. Havia aceitado que eu fosse uma especie de deusa particular dele. Dei um sorriso. ─ Serei... ─ Meu coração bateu mais forte.

Thanks, Solaria

Do que ele estava rindo? Esta foi a minha vez de olhar ao redor procurando as câmeras e outros semideuses. Foi uma surpresa daquelas para mim constatar que estávamos sozinhos, de verdade. Eu já sabia que estávamos sozinhos, ok, mas o ataque de risos me fez duvidar disto por alguns segundos. Sim, sou um pouco neurótica, as vezes. Retribui ao abraço, tentando compreender o que ele dizia em meio as risadas.
─ Eu não fiz nada com você... ─ Pensei em acrescentar um "ainda", mas era melhor deixar isso quieto. Esperando que ele entendesse o ainda do jeito que eu queria, que basicamente era o malicioso, soaria quase divertido em meio a um acesso de risos, apesar de não ser engraçado. ─ Estava realmente preocupada sobre o motivo de tantas risadas... ─ Respondi. Os beijos dele e o abraço apertado não me pegaram de surpresa, não desta vez. Envolvi o pescoço dele com o braço e me ajeitei no chão para unir o máximo possível nossos corpos. Lentamente, correspondi aos beijos dele, com até mesmo certa devoção. ─ Não agradeça... ─ Sussurrei para ele.

Thanks, Solaria

E agora mais ataques de fofura, obrigada. O juramento dele me fez ficar surpresa. Era tão raro alguém jurando alguma coisa pelo Estige hoje em dia... Na verdade, acho que só semideuses e raros deuses andam fazendo isso nos últimos 3 milênios, sabe? Dei um sorriso e olhei para o lado, me arriando com o beijo e a mordida no pescoço. Depois, mais beijos. ─ Você deveria me agradecer por te fazer feliz e parar essa dor que tanto lhe incomoda, sabia? ─ Reclamei, fingindo estar sentida. Aceitei a ajuda para me levantar, sem reclamar. ─ Vamos, então. Antes que monstros apareçam... ─ Eu não queria ir, mas sabia que era arriscado ficar ali muito mais do que já havíamos ficado. Ele explicou o motivo de querer ir embora e concordei com a cabeça. Não iria discutir com aquilo, tão pouco discordar. ─ Relaxa... ─ A atitude dele de me pegar no colo me deixou sem palavras. Inconscientemente, o abracei e fiquei olhando-o por algum tempo em silencio, antes de apoiar o queixo no ombro dele e começar a vigiar a retaguarda em um angulo de 180º. ─ Pode deixar. ─ Respondi, ficando alerta a cada detalhe. {...} Quando chegamos a orla da floresta, ele me colocou no chão e eu segurei a mão dele. ─ Te acompanho até onde vai... Se precisar de mim, vou estar na forja o resto do dia, como sempre. ─ Eu sabia que ele ia querer discutir, mas, desta vez, balancei a cabeça e bati o pé. Não permitiria que ele fosse para sei lá a onde e eu não soubesse onde este lugar fica. Depois de acompanha-lo, eu me dirigi para minha "prisão espontânea".

Thanks, Solaria